O começo de tudo
Maria Mulher começou nos encontros de um grupo de 30 mulheres, no ano de 1987. Elas vinham do Movimento Negro, do Movimento Feminista, de sindicatos. Algumas não faziam parte de movimento algum.
Desde o início, o objetivo foi o de contribuir para a melhoria da vida de mulheres, em especial das mulheres negras em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul – em conexão com as lutas e causas de organizações de mulheres negras do país.
Maria Mulher teve uma primeira apresentação pública, denominada O Beijo de Maria, a Festa. Além do divertimento, fazia pensar. A encenação teve êxito: as participantes apresentavam esquetes e mostravam mulheres negras em diferentes espaços da sociedade.
As casas de Maria
Os primeiros encontros de Maria Mulher, em 1987, aconteciam aos domingos, em diferentes lugares. A primeira sede política de Maria Mulher foi em uma garagem na Rua Múcio Teixeira, no bairro Menino Deus.
Em 1998 estreita-se os laços com a Vila Cruzeiro do Sul, uma das zonas mais populosas da capital gaúcha, ocupando inicialmente um espaço na antiga sede do Conselho Tutelar da 5° Região. Em 1999 Maria Mulher ocupa espaço no prédio da FEBEM Zona Sul.
Atualmente, a Organização Maria Mulher está sediada na Rua Cruzeiro do Sul, 2035. A sede passa por ampla reforma estrutural, com reformulação de espaços, equipamentos e acervos, com a participação de instituições e organismos associados às causas das mulheres negras
A reforma total da sede começou a ser projetada depois que a Casa de Maria Mulher teve parte de sua fachada destruída pelo projeto de alargamento da Avenida Cruzeiro do Sul, no âmbito das obras preparatórias da Copa de Mundo de 2014.
A Casa está em fase final de reforma e estruturação, com a implantação de cozinha e salas de múltiplo uso para convivência e atividades formativas.
Luta pelo bem viver
No curso destes 35 anos, a Organização se mantém firme nos seus objetivos fundadores, expressos na primeira publicação do Boletim de Maria Mulher, em 1987:
“Reuniram-se em 15 de março deste ano, algumas mulheres negras com o objetivo de refletir, discutir e até formar um grupo que desse continuidade a uma ação política volta a Mulher Negra. Sendo esta ação elaborada por homens e mulheres, dispostos a por fim às relações de discriminação, de machismo, racismo e classismo existentes em nossa sociedade”.
“Somos frutos do maior genocídio da história brasileira, pois se nossos antepassados viviam em senzalas, hoje, nós continuamos vivendo nas vilas e favelas, ocupando o mais baixo estrato social, imposto pelo sistema capitalista dependente. Face a essa realidade social, econômica e cultural da população negra, o grupo compreende que deva desenvolver uma ação, um trabalho visando socializar o conhecimento, resgatando e valorizando nossa cultura e assim contribuirmos para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, garantindo o respeito às especificidades raciais e sexuais do conjunto da população. Diante do estágio embrionário do grupo, algumas propostas de trabalho estão sendo implementadas, por exemplo, estamos lançando o primeiro Boletim, que é um veículo aberto aos demais grupos e entidades do Movimento Negro, que partilham de nossas ideias, somando-se aos demais movimentos sociais que buscam garantir de forma organizada seus direitos (Maria Mulher – Boletim, Ano 1 POA, Novembro 1987, nº 1)
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